22 de maio de 2015

Turismo acessível

Com o avanço de leis de proteção aos direitos humanos, igualdade de oportunidades, tecnologia e atuação mais específica de instituições públicas e da sociedade civil, as pessoas com deficiência vem sendo beneficiadas, não só sobre suas necessidades básicas, como saúde, educação e trabalho, mas também no campo do lazer.
Cada vez mais esse público está ampliando sua possibilidade de lazer e entretenimento, por exemplo, viagens e passeios que há cinco, dez anos atrás seriam impensáveis para cadeirantes são hoje uma realidade.
Ainda existe muita carência de informações em relação à acessibilidade, mas estamos caminhando.



Principais entraves
Um recente estudo que revelou o comportamento de consumo e lazer de pessoas com deficiência, os dados trouxeram valiosas contribuições para o turístico brasileiro. Dessas contribuições, duas se destacam por apontar elevada oportunidade de melhoria no que tange os estabelecimentos privados. São elas:
  •      A carência de comunicação e informações específicas;
  •      O despreparo estrutural para receber e atender.

A grande maioria dos pesquisados pontua a escassez de informações específicas. Entre elas estão a existência de quartos e banheiros adaptados em hotéis ou a de banheiros e dimensões espaciais para circulação em restaurantes, além da disponibilidade de cardápios em braile para cegos e intérpretes para comunicação em libras para surdos.
Além da escassez de informações, há também uma questão muito importante considerada pelo documento que analisa o estudo: nem sempre as informações disponibilizadas estão em sintonia com a realidade que será encontrada pela pessoa com deficiência. Ou seja, há carência no aspecto quantitativo, como também de informações que possuam veracidade – o que impacta na credibilidade do estabelecimento.
De acordo com o estudo, as informações chegam até as pessoas com deficiência, principalmente, através da internet, que possui um papel primordial no planejamento das viagens, assim como também através dos amigos que já conhecem o local e conseguem informar sobre outros detalhes.
A ligação telefônica também é utilizada para estabelecer contato com hotéis, empresas rodoviárias e aéreas, estabelecimentos comerciais e pontos culturais e turísticos. Existem também outros canais, mas eles foram pouco citados, são eles: revistas de turismo, livros de viagens, anúncios na TV e no rádio, matérias divulgadas nos jornais impressos, panfletos recolhidos nas agências de viagens.



Despreparo estrutural para receber e atender
O estudo aponta ainda que, quando um estabelecimento (comercial, cultural, turístico, etc...) é avaliado, tem-se um cenário onde fica claro o quanto as pessoas com deficiência ficam dependentes da boa vontade e da boa conduta dos indivíduos, não sendo identificado padrão de qualidade no atendimento para todos os clientes, como por exemplo, ajuda para pegar produtos em locais altos, impedimentos para utilizar provadores sozinhos...
Do ponto de vista estrutural, os estabelecimentos não estão preparados para receber e atender os turistas com deficiência. Muitas vezes ocorre de um determinado estabelecimento (loja, bar, restaurante, livraria, cafeteria, etc.) tornar a entrada do empreendimento acessível, mas não se preocupar com a acessibilidade em seu interior (mesas, pisos, balcão self-service, provadores, banheiros etc).
O documento destaca que de nada adianta apresentar “soluções” ilusórias. Isto é, viabilizar o acesso da pessoa com deficiência a um local, se ela não terá como transitar no seu interior e usufruir dos serviços na sua plenitude.
Percebe-se também baixo investimento em recursos tecnológicos que tornariam viável a orientação e a comunicação das pessoas com deficiência visual e auditiva, como, por exemplo, a utilização de leitores de preço sonorizados, cardápios em braile e/ ou informatizados (com som), ou mesmo um atendente que tivesse conhecimento em libras.
Essas dentre outras providências práticas e conceituais poderiam contribuir com a abertura de uma nova fronteira, a do Turismo Inclusivo no Brasil, beneficiando turistas estrangeiros e brasileiros com deficiência ávidos por aventura e descoberta de novos lugares em seu próprio país.

Fonte: SEBRAE